COP 30 será mantida em Belém apesar da crise de hospedagem, confirma presidente da conferência

Governo mantém Belém como sede da COP 30

O presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago, descartou qualquer possibilidade de mudança na sede da Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, prevista para novembro em Belém, mesmo diante dos problemas atuais com hospedagem na capital paraense. A confirmação foi feita durante audiência na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.

"Sim, vai ser em Belém. E costumo brincar que o plano B é Belém", afirmou o embaixador, destacando o simbolismo da escolha da cidade amazônica para sediar o evento. Segundo ele, Belém representa a realidade da maioria dos países em desenvolvimento e permitirá mostrar os desafios climáticos ainda existentes.

Crise de hospedagem preocupa organizadores

O principal problema identificado não é a falta de acomodações, mas sim os valores exorbitantes das diárias, que chegam a ser 10 a 15 vezes maiores que os preços normais. A situação é tão grave que a Áustria desistiu de enviar seu presidente ao evento, optando por ser representada apenas pelo ministro de Meio Ambiente.

Para amenizar a situação, o governo promete disponibilizar acomodações com preços mais acessíveis para países insulares e menos desenvolvidos. Órgãos de defesa do consumidor, a Procuradoria do Pará e a Secretaria Especial da Casa Civil para a cúpula climática (SECOP) buscam soluções legais para o problema dos preços abusivos.

Meta de financiamento climático em foco

Uma das principais metas da COP 30 é elevar o financiamento dos países ricos para a transição energética dos países em desenvolvimento de US$ 300 bilhões para US$ 1,3 trilhão por ano a partir de 2035. Apesar das ameaças de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, Corrêa do Lago mantém otimismo, lembrando que 37 estados americanos, responsáveis por 70% da economia do país, anunciaram que cumprirão os acordos internacionais.

Participação parlamentar ampliada

Durante a II Cúpula Parlamentar sobre Mudança Climática e Transição Justa da América Latina e do Caribe, representantes parlamentares solicitaram maior influência nas decisões das cúpulas climáticas da ONU. O deputado Nilto Tatto (PT-SP) defendeu a formalização de um grupo parlamentar de observadores oficializado pela Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática.

O evento busca transformar a COP 30 na "COP da implementação", focando na execução prática dos acordos já estabelecidos nos últimos 33 anos de negociações climáticas, incluindo os 10 anos do Acordo de Paris.