Após um ano das enchentes, governos apresentam balanço de ações no RS enquanto empresários criticam efetividade

Os governos federal e estadual apresentaram nesta quarta-feira (7) um balanço das ações implementadas um ano após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024. Durante audiência na Comissão Externa da Câmara dos Deputados, foram detalhados investimentos de R$ 112 bilhões, enquanto representantes do setor produtivo criticaram a efetividade das medidas.

Segundo Maneco Hassen, secretário nacional de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, o aporte federal beneficiou 430 mil famílias com auxílio reconstrução, 112 mil trabalhadores e 15 mil empresas que receberam R$ 314 milhões diretamente. O secretário destacou que a ajuda impactou positivamente a economia gaúcha, que registrou crescimento de 4,9% no PIB estadual em 2024.

Investimentos e ações governamentais

O governo federal detalhou os investimentos: R$ 18 bilhões em repasses para municípios, R$ 6,5 bilhões na construção de diques, R$ 1,8 bilhão em infraestrutura, R$ 2,2 bilhões em auxílio reconstrução, R$ 3,5 bilhões do Minha Casa Minha Vida, R$ 31 bilhões no apoio a empresas, R$ 8,9 bilhões em descontos e crédito rural, além de R$ 1,4 bilhão em projetos de defesa civil.

Clair Kuhn, secretário-executivo do Conselho do Plano Rio Grande, destacou o Funrigs, fundo criado a partir da suspensão do pagamento das dívidas do estado com a União, como "pilar financeiro da reconstrução". "Calculamos que teremos, até agosto de 2027, em torno de R$ 14,3 bilhões a serem investidos", afirmou.

Críticas do setor produtivo

Representantes das federações empresariais gaúchas apontaram que os recursos não estão chegando efetivamente aos destinatários. O deputado Osmar Terra (MDB-RS) questionou: "São R$ 100 bilhões do governo federal mais não sei quantos bilhões do governo do estado, então, os problemas estão resolvidos. O que nós estamos fazendo aqui? Só que (o dinheiro) não chega".

O setor agrícola foi especialmente crítico. Luís Pires, conselheiro da Farsul, alertou que a dívida dos produtores rurais com bancos é de R$ 72,8 bilhões, com R$ 22 bilhões vencendo este ano. "O valor bruto da produção agropecuária em 2025 vai ser de R$ 66 bilhões. Ou seja, todo o valor bruto da produção de grãos não paga o valor da dívida que nós temos hoje", destacou.

A comissão externa da Câmara realizou 17 reuniões, ouviu 119 convidados e recebeu cerca de 100 projetos de lei relacionados à tragédia. Os parlamentares aprovaram requerimentos para novas audiências públicas focadas na reconstrução do estado e na prevenção de futuras catástrofes.